Ernesto Rodrigues/AE
A atriz usa dez figurinos e faz nove trocas de roupa no espetáculo
Claudia Raia persegue Sally Bowles há mais de 20 anos. “Essa personagem quase se transformou em uma fixação para mim”, conta ela que, em 1989, foi convidada pelo diretor Jorge Takla para representar o papel. O envolvimento com uma novela de TV, porém, impediu Claudia de aceitar o convite. A vaga terminou ocupada por Beth Goulart.
Mais alguns anos e a atriz, que já vira montagens em Londres e Nova York, além de ter revisto o filme de Bob Fosse inúmeras vezes, decide montar Cabaret, assumindo a produção. Novamente, não foi feliz pois os direitos para o Brasil já estavam negociados. “Até que me associei a Sandro Chaim, audacioso como eu, para ficar na vigília até que o musical estivesse liberado.” Foi o que aconteceu no início do ano.
Claudia acredita que a longa espera foi benéfica, pois permitiu que amadurecesse sua interpretação de Sally Bowles. “Foram surgindo variações dessa personagem, desde a deslumbrada vivida por Liza Minnelli no cinema até a horrenda montagem dirigida por Sam Mendes, em que Sally desponta como uma mulher patética”, conta a atriz que, no meio do caminho, viveu um tipo semelhante em Sweet Charity, musical também transformado em grande filme por Bob Fosse. “Agora, vou mostrar a minha Sally.”
Em cena, a atriz vive uma mulher inteligente, que sabe estar em fim de carreira e que se agarra a um homem íntegro, o escritor Cliff Bradshaw, como última tentativa de melhor de vida. “Ela é dark, pois a situação sempre pesa para seu lado”, observa Claudia, que preparou cuidadosamente sua participação. Afinal, além de dançar, canta melodias difíceis, especialmente as temperadas por emoção como Maybe This Time e a canção tema. “Recebi um tratamento especial do maestro Marconi Araújo, que preparou um coro com vozes mais esganiçadas, a fim de que a minha, mais grave, faça o contraponto.”
A produção também é caprichada. Claudia, por exemplo, usa dez figurinos criados por Fabio Namatame e tem nove trocas de roupas durante o espetáculo. Em uma delas, quando canta a famosa Money (traduzida aqui por Grana), a atriz usa um vestido especial, com 20 mil pedras de cristais Swarovski bordados à mão. Como também deixou de fumar, Claudia utiliza cigarros de alface em cena - foram importadas 20 caixas desse produto especialmente para os dois momentos em que ela acende um.
A versão original de Cabaret, de 1966, foi escrita pelo dramaturgo Joe Masteroff, que se baseou na peça Eu Sou Uma Câmera, de John Van Druten, inspirada, por sua vez, no livro Adeus, Berlim, de Christopher Isherwood. Com músicas de John Kander e Fred Ebb - clássica dupla de compositores de musicais da história, donos de sucessos como Chicago e Beijo da Mulher Aranha - o espetáculo teve 1.165 apresentações na Broadway.
Fonte: O Estadão
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